segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Os Mafiosos - Notícias Populares - 1972


Série publicada pelo jornal Notícias Populares em 1972, Os Mafiosos foi uma criação do cartunista Novaes.

Sobre a tira o autor nos dá o seguinte depoimento: "Nem me lembrava mais disso! O desenho é bem influenciado pelos bonecos do meu pai (o cartunista Otávio)! É outra daquelas tiras que fazia pro Notícias Populares. O Notícias Populares foi meu começo profissional. 

Comecei em 72, acho, e fiquei até 76, ou um pouco mais, que foi quando entrei na Folha da Tarde. Fiz várias tiras pro NP, inclusive a do bebê diabo, que era uma invenção do diretor do jornal, o Ibrahim Ramadan, pra vender jornal. Você ainda vai acabar descobrindo outras histórias dessa época. Essa aí, provavelmente foi da época em que estava no exército e meu pai deve ter começado a HQ e eu terminei, por causa do estilo. Depois de tanto tempo fica difícil lembrar de detalhes...".

quinta-feira, 30 de julho de 2015

A Caminho do Inferno - Notícias Populares - 1972


A Caminho do Inferno foi uma série de aventuras criada pelo cartunista Grillo em 1972 para o jornal Notícias Populares.

Grillo foi aluno do IADE (Instituto de Artes e Decoração) e contemporâneo de outros cartunistas da época que também cursavam a escola, como: Crau da Ilha, João Zero e Sizenando.

Para o mesmo jornal, Grillo desenhou uma outra tira chamada A Caveira dos Ossos de Ouro. O autor também publicou no Suplemento Quadrinhos da Folha de São Paulo.

Aparentemente Grillo abandonou os quadrinhos para se dedicar à publicidade.


 Grillo no Suplemento Quadrinhos da Folha de São Paulo em 1975.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Cubinho - Diário do Grande ABC - 1975



Criação do cartunista Mário Mastrotti para o jornal Diário do Grande ABC em 1975, Cubinho trata de temas sociais e ecológicos.

"É um cachorro estilizado que vive no Brasil em nossa época,  fazendo constantes observações sobre nossa  política, questões sociais como cidadania, direitos humanos, ecologia e justiça social. Muitas vezes filosofa em relação a vida e se deprime com o ser humano e seu comportamento predador".

A tira foi distribuída para veículos de todo o Brasil pela ECAB (Editora Carneiro Bastos) em meados dos anos 1970.

Segundo o autor este personagem foi um dos primeiros a abordar o assunto ecologia desde sua criação. Logo após se transformou em uma tira/charge, abordando assuntos como anistia e direitos humanos em pleno regime militar.

Em declaração ao blog, Mastrotti ressalta: 

"Uma informação interessante sobre as tiras é que de julho de 1975 até outubro de 1978 elas foram publicadas no período do A.I.5.

Outra coisa, desde 1975 o personagem interage com os extraterrestres mas somente no ano de 2014 criei Tégico, o extraterrestre".




Cubinho contracena com outros personagens como: 

Bilú, amigo do Cubinho que o acompanha constantemente nas observações que ele faz sobre todos os assuntos. Funciona como “escada” perguntando o porque de cada colocação para que o personagem Cubinho possa fazer a piada.
As vezes Bilú tem uma tirada mais ingênua e purista, mas, na maioria das vezes, arma a situação para que o Cubinho passe sua mensagem com humor.

Bim, o irmão mais novo do Cubinho representa a visão da criança inteligente mas sem a malícia do adulto.
 

, amigo do Bim, aparece sempre para brincar, ajudar e questionar o amigo.

Obuc, o negativo da personalidade do Cubinho. Pessimista, misterioso e pouco confiável. Não acredita em mudanças e acha que as coisas ruins no país não têm mais jeito.


quinta-feira, 23 de julho de 2015

Maneiras de Dizer - Diário da Noite - 1948



Criada pelos artistas F. Bruce e Martiniano e publicada na seção de esportes do jornal Diário da Noite, a série Maneiras de Dizer fazia humor utilizando os sentidos literais e figurados das frases, dos jargões do futebol e dos nomes e apelidos dos jogadores da época.

O chargista Martiniano (Martiniano Alves de Araújo Filho) nasceu em 1911, começou sua carreia na editora O Malho, tendo sido colaborador da revista O Tico-Tico, desenhando as Aventuras de Chiquinho.  A partir de 1930 passa a colaborar com O Globo e A Noite Ilustrada. Foi também colaborador do jornal A Manha, de Aparício Torelly, o Barão de Itararé. Martiniano faleceu em 1967.



Martiniano n'O Tico-Tico, 1931.

Pela semelhança de estilo com as ilustrações acima, podemos supor que este seja o Chiquinho de Martiniano, apesar da falta de assinatura. O Tico-Tico, 1930.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

As aventuras do Agente Sapú - Notícias Populares - 1972

Criadas pelo cartunista Novaes mas desenhadas por seu pai, o cartunista Otávio, As aventuras do Agente Sapú foram publicadas pelo jornal Notícias Populares em 1972.

Agente Sapú era um policial totalmente sem noção, às voltas com o soro do Batu-Ke, do cientista louco, Dr. Phro Hença, candidato a dominador do mundo. Participavam das aventuras: Peremptória, namorada de Sapú; o pai dela, o sr. Lima Luso e Kid Bravo, capanga do Dr. Phro Hença.

Vejam a seguir o depoimento de Novaes sobre a obra: 

"Eu comecei a fazer as tiras no Notícias Populares mas logo depois servi o exército. Aí tive que parar de fazer as tiras. No começo eu desenhava e meu pai passava a tinta. Mas depois nem o desenho deu mais, então ele começou a fazer a própria tira, mas o espaço era meu e para não perdê-lo, ele assinava meu nome!!!

Nessas tiras ele colocava um monte de amigos. Na tira acima aparece o Agostinho dos Santos, que foi seu grande companheiro de baladas e essa mulher que era uma jornalista, mas não lembro seu nome".

Sobre Novaes, encontamos em seu blog: Caricaturista, ilustrador, cartunista, artista plástico, paulistano, budista, pisciano no zodíaco e cavalo no horóscopo chinês.

Sou filho de chargista, o Otávio, que trabalhou no jornal Última Hora do grande Samuel Wayner. Comecei no extinto jornal Notícias Populares em julho de 1972. Em 1976 meu primeiro registro em carteira, na Folha da Tarde, que mudou seu nome para  Agora. Saí em 1991 e tive uma rápida passagem pelo Jornal da Tarde. No mesmo ano fui para a Gazeta Mercantil que encerrou suas atividades em 2009. Paralelamente publicava charges no Jornal do Brasil até 2008 e uma página de humor na revista Forbes Brasil.

Ganhei o prêmio HQMix com um álbum de charges em forma de tiras diárias, chamado SIR NEY, que conta a história do mandato do presidente Sarney. No mesmo ano,1991, ganhei o prêmio Ângelo Agostini como melhor roteirista de tira cômica, pelo mesmo personagem e, em 2011, fui homenageado pela AQC recebendo a medalha Jayme Cortez como mestre do quadrinho nacional.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Dito, o Bendito - Jornal de Piracicaba - 1993


O criador de Dito, o Bendito, Érico San Juan, nos dá o seguinte depoimento sobre o seu personagem:

"A tira Dito, o Bendito nasceu no Jornal de Piracicaba, em 1993. Teve fases semanais e diárias de publicação, até ser encerrada em 2005.

Nesses doze anos de vida, e até depois deles, o personagem saiu em dois livros-solo da editora Marca de Fantasia, o último publicado em 2013.

Dito também teve exposição própria na Câmara de Vereadores de Piracicaba, foi selecionado para o Salão Internacional de Humor da cidade.

Outros livros de tiras acolheram o personagem, em companhia de outros autores: Os Quinze de Piracicaba (ed. Imprensa Oficial do Estado de SP), Central de Tiras (ed. Via Lettera) e Tiras de Letra Outra Vez (ed. Virgo).

Um livro didático de português da editora Saraiva escolheu uma das tiras para um exercício, que nem o autor é capaz de resolver... 

Dito, o Bendito teve fases fases sambísticas, gástrico-políticas, familiares e gastronômicas (trabalhou em restaurante). E teve a companhia de seus próximos: o filho Tião, o amigo Feijão, o colega de trabalho Zé das Carnes".



 

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Xandéco - Diário de São Paulo - 1972


Publicado a partir de 1972 no suplemento infantil Clubinho do Diário de São Paulo, Xandéco era um garoto levado que viva suas aventuras ao lado do cãozinho Picles, que também teve suas aventuras solo.

Sobre o autor da série Sergio Militélo, o desenhista Carlos Avalone dá um depoimento: 

"eu perdi contato com o Militélo há mais de vinte anos. Já procurei o filho dele, Alexandre, não encontrei ninguém, nem pela internet.
Só o que sei dele é do tempo em que convivemos, de 1972 até cerca de 1980. 

Eu conheci o Militélo em 1972 no Diário de S. Paulo, quando comecei a publicar o Espoleta no suplemento infantil dominical, Clubinho. Ele fazia a capa do suplemento e uma página de quadrinhos. Trabalhamos algum tempo em parceria, eu ia na casa dele pois ele tinha lá um comodo que dava um bom estúdio. Eu era quadrinista estreante e aprendi muita coisa com ele. O filho dele, Alexandre, devia ter uns cinco anos de idade naquela época. O Militélo criou o personagem Xandeco em homenagem ao filho. Esse personagem também foi publicado em quadrinhos no Clubinho

A esposa dele era professora de ensino fundamental. Devido ao contato com material pedagógico da esposa, ele criou um projeto chamado Prezinho, com conteúdo pedagógico de entretenimento. A revista com esse título foi publicada pela editora Noblet. Depois o Militélo se desentendeu com a editora e tentou transferir a revista para outra. O editor, Joseph Abourbih, se recusou a disponibilizar o título e o formato do projeto, continuando a publicação com outros desenhistas (isso a editora Noblet fez também com o meu Espoleta, eu só recuperei o título um ano depois). Mas o Militélo jamais recuperou a título Prezinho. O que lembro é que a perda da marca Prezinho colocou o Militélo em um profundo estado de desencanto com a profissão. 

A última vez que eu vi o Militélo foi em 1980, quando eu trabalhava na editora Abril e ele esteve lá. Depois disso, nunca mais vi ou ouvi falar dele. Já procurei muito e não achei".


                                                                                                                                                   Avalone



quarta-feira, 6 de maio de 2015

Espoleta - Diário de São Paulo - 1972


Criado em 1972 para o suplemento infantil Clubinho, do Diário de São Paulo, Severino Espoleta é de autoria do desenhista Carlos Avalone.

Espoleta vive suas aventuras, inclusive no espaço, ao lodo do amigo Pixain.

Foi publicado também nas revistas Turminha Sapeca da editora Saber e Espoleta da editora Noblet.



segunda-feira, 4 de maio de 2015

1923 - Gibi Semanal - 1975


Pra quem está acostumado ao traço realista e anatomizado de Watson Portela é uma grata surpresa conhecer a serie de tiras 1923.

Mais uma das selecionadas na chamada geral promovida pela revista Gibi Semanal, da RGE, em 1975 para coletar autores nacionais. 

A tira trata das aventuras de um bando cangaceiros em luta com a volante. O título da série remete aos primeiros anos de atividade do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva).



terça-feira, 28 de abril de 2015

Fausto Hugo Prats - Gibi Semanal - 1975


Uma das escolhidas no concurso para representar os autores nacionais na revista Gibi Semanal da RGE em 1975, a série foi apresentada com o nome de seu autor: Fausto Hugo Prats.

Mesmo sem um título definido, foram publicadas tiras dos personagens O Cristo e Batvampiro. Ambas foram publicadas posteriormente em 1979 na revista independente Uai!!, de Belo Horizonte - MG. 

Diferentemente de seu quase homônimo italiano, Fausto Hugo Prats sempre preferiu a linguagem do humor, participando de diversos salões e posteriormente enveredando pelos caminhos do desenho animado, chegando a realizar um curta metragem com o cineasta Helvécio Ratton.


quinta-feira, 23 de abril de 2015

Relatório Henfil - Status - 1979


Em alusão ao Relatório Hite (estudo realizado pelo sexóloga alemã Shere Hite com base em entrevistas concedidas por mulheres estadunidenses a respeito de sua sexualidade), Henfil criou para a revista masculina Status, da editora Três, a serie Relatório Henfil

Com um humor muitíssimo acima da média dos cartuns eróticos publicados na época, Henfil fazia uma aguda crítica de costumes em relação à sexualidade, sem nunca ser sexista.



quarta-feira, 22 de abril de 2015

Zig e Zag - Gibi Semanal - 1975


Zig e Zag conta as aventuras de dois beduínos no deserto, sempre às voltas com o problema da seca e da falta de água, o que torna a série bastante atual nesses tempos de crise hídrica.

A tira foi criada por S. Miguel (Sergio Miguel da Rocha) e faz parte das selecionadas no concurso de novos talentos promovido pela revista Gibi Semanal da RGE.

S. Miguel foi bastante atuante nos anos 1970, tendo publicado em revistas da editora M&C (HQ Competição) e produzido, praticamente sozinho, vários números da revista Piazito, da editora gaúcha Rainha, da cidade de Santa Maria, em 1973. 

Sergio continua atuando no ramo das ilustrações assinando Miguel Casttro.



terça-feira, 21 de abril de 2015

Ubaldo, o paranoico - Isto É - 1977


Criado por Henfil (Henrique de Souza Filho, 1944-1988), no final dos anos 1970, Ubaldo, o paranoico, representava toda a apreensão e medo do retrocesso político presente na sociedade brasileira naquele período.

Era publicado regularmente na coluna fixa do cartunista na revista Isto É, da editora Três.



Na imagem podemos ver Ubaldo, em um momento de pânico, procurando ajuda de Sobral Pinto, jurista defensor dos direitos humanos.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Olimpo - Crás - 1974

A série Olimpo, de Xalberto, estreou em 1974 na revista Crás, da editora Abril e no mesmo ano no suplemento Quadrinhos, da Folha de São Paulo, neste com histórias mais longas, tratando de fazer humor com os seres da mitologia grega como Zeus e Mercúrio.

Com o fim da revista passou a ser publicada no Gibi Semanal da RGE em 1975, onde foi uma das vencedoras do concurso para revelação de novos valores dos quadrinhos promovido pelo semanário.

Olimpo no Gibi Semanal.

Em 1979, Xalberto deu uma nova roupagem à serie e tentou publicá-la por meio do Projeto Tiras, da Abril, mas a empreitada terminou antes que esse material fosse distribuído.
Acima o material proposto ao Projeto Tiras.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Seixo Rolado - Gibi Semanal - 1975


Mais um dos selecionados no concurso de tiras promovido pelo Gibi Semanal da Rio Gráfica e Editora em 1975, Seixo Rolado era uma tira que se diferenciava um pouco das demais. Com um tom lírico e poético, abusava do grafismo psicodélico da época e não tinha compromisso direto em fazer um humor escrachado.

Foi criada a seis mãos por Demasi, Kathia e Appel (Caco Appel). Demasi (Domingos Demasi) já era conhecido no meio por fazer traduções e outros trabalhos editoriais para editoras como Ebal e a própria RGE



terça-feira, 14 de abril de 2015

Ming-Au - Gibi Semanal - 1975


No início dos anos 1970 os EUA tentavam se aproximar da China. Uma série de produtos culturais foram produzidos com a finalidade de consolidar essa aproximação, tais como a série de TV Kung-Fu com David Carradine e as histórias em quadrinhos do Mestre do Kung-Fu, da Marvel. Os filmes da Shaw Brothers invadiam as salas de cinema americanas e também as brasileiras.

O cartunista cearense Sinfrônio (Sinfrônio de Souza Lima Neto) soube captar esse clima e criou a série de tiras Ming-Au, sobre um monge shaolin, mas que poderia habitar qualquer parte do Brasil, e comentava com humor os assuntos da época.

A tira foi uma das selecionadas no concurso promovido pelo Gibi Semanal da editora RGE em sua tentativa de agregar quadrinhos brasileiros à publicação.



segunda-feira, 13 de abril de 2015

Zeferino - Placar - 1970

Henfil (Henrique de Souza Filho, 1944-1988criou o cangaceiro Zeferino para a revista Placar, da editora Abril, em 1970, como uma espécie de representante do Brasil na Copa do Mundo do México.
A partir de 1972 passa a ser publicado no Jornal do Brasil, já em companhia da Graúna e do bode Francisco Orellana.
A série assumiu um tom de crítica política e de luta pelos direitos civis, trilhando uma longa e vitoriosa carreira, que incluiu peça de teatro e revista em quadrinhos (Fradim) pela editora Codecri e publicação em outros órgãos da imprensa, como o jornal O Estado de São Paulo, já no final da vida do cartunista.
 
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Sobre Henfil, na Wikipedia:

Henrique de Souza Filho, mais conhecido como Henfil (Ribeirão das Neves, 5 de fevereiro de 1944 — Rio de Janeiro, 4 de janeiro de 1988), foi um cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro.

Como outros dois de seus irmãos — o sociólogo Betinho e o músico Chico Mário — herdou de seus pais a hemofilia, distúrbio que impede a coagulação do sangue, fazendo com que a pessoa seja mais suscetível a hemorragias.

Henfil cresceu em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, onde fez os primeiros estudos, frequentou um curso supletivo noturno e um curso superior em sociologia na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, que abandonou após alguns meses. Foi embalador de queijos, contínuo em uma agência de publicidade e jornalista, até especializar-se, no início da década de 1960, em ilustração e produção de histórias em quadrinhos.

A estreia de Henfil como ilustrador deu-se em 1964, quando, a convite do editor e escritor Roberto Dummond, começou a trabalhar na revista Alterosa, de Belo Horizonte, onde criou "Os Franguinhos". Em 1965 passou a colaborar com o jornal Diário de Minas, produzindo caricaturas políticas. Em 1967, criou charges esportivas para o Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro. Também teve seu trabalho publicado nas revistas Realidade, Visão, Placar e O Cruzeiro. A partir de 1969, passou a colaborar com o Jornal do Brasil e com O Pasquim.

Nessas publicações, seus personagens atingiram um grande nível de popularidade. Já envolvido com a política do país, Henfil criou em 1970 a revista Fradim, que tinha como marca registrada o desenho humorístico, crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros.

Com o advento do AI-5 — garantindo a censura dos meios de comunicação, e os órgãos de repressão prendendo e torturando os "subversivos" —, Henfil, em 1972, lançou a revista Fradim pela editora Codecri, que tornou seus personagens conhecidos. Além dos fradinhos Cumprido e Baixim, a revista reuniu a Graúna, o Bode Orelana, o nordestino Zeferino e, mais tarde, Ubaldo, o paranoico.

Henfil envolveu-se também com cinema, teatro, televisão (trabalhou na Rede Globo, como redator do extinto programa TV Mulher) e literatura, mas ficou marcado mesmo por sua atuação nos movimentos sociais e políticos brasileiros.

Ele tentou seguir carreira nos Estados Unidos, onde passou dois anos em um tratamento de saúde. Como não teve lugar nos tradicionais jornais estadunidenses, sendo renegado a publicações underground, Henfil escreveu seu livro "Diário de um Cucaracha". De volta ao Brasil. ele também fez participação da revista Isto É onde escrevia uma coluna chamada Cartas da Mãe.

Após uma transfusão de sangue, acabou contraindo o vírus da AIDS. Ele faleceu vítima das complicações da doença no auge de sua carreira, com seu trabalho aparecendo nas principais revistas brasileiras.

Henfil passou toda sua vida a defender o fim do regime ditatorial pelo qual o Brasil passava. Em 1972, quando Elis Regina fez uma apresentação para o exército brasileiro, Henfil publicou em O Pasquim uma charge enterrando a cantora, apelidando-a de "regente" — junto a outras personalidades que, na ótica dele, agradariam aos interesses do regime, como os cantores Roberto Carlos e Wilson Simonal, o jogador Pelé e os atores Paulo Gracindo, Tarcísio Meira e Marília Pêra. Anos mais tarde, o cartunista disse que se arrependia apenas de ter enterrado Clarice Lispector e Elis Regina.

Os escritos de Henfil eram anotações rápidas. Não eram propriamente crônicas, mas um misto de reflexões rápidas, assim como seus traços ligeiros dos cartuns. Célebres eram suas "Cartas à mãe" — título comum em que escrevia sobre tudo e todos, muitas vezes atirando como metralhadora, usando um tom intimista do filho que realmente fala com a mãe — ao tempo em que criticava o governo e cobrava posições das personalidades.

Mesmo seus livros são em verdade a reunião desses escritos, a um tempo memorialistas e de outro falando sobre tudo, sobre a conjuntura política e seu engajamento.

Em Diário de um Cucaracha, por exemplo, Henfil narra sua passagem pelos Estados Unidos, onde tentou "fazer a América, sonho de todo latino-americano que se preza" (segundo ele próprio). A obra traz um quadro em que o cartunista relata o choque cultural que experimentou, a reação vigorosa do público norte-americano aos seus personagens, classificados como agressivos e ofensivos. Tudo isso escrito em capítulos pequenos, no tom intimista de quem dialoga não com um leitor anônimo, mas com um amigo ou conhecido. No ano de 2009 seu único filho criou o Instituto Henfil.

Uma série de cartuns de Henfil que ficou bastante conhecida foi O Cemitério dos Mortos-Vivos, em que "enterrava" personalidades públicas que, na opinião do cartunista, eram favoráveis a ditadura. Além de empresários, Henfil atacou pessoas como Roberto Carlos, Pelé e Tarcísio Meira.

Através de uma parceria entre a ONG Henfil e o Instituto Henfil, as 31 revistas Fradim, publicadas por Henfil entre os anos de 1971 e 1980, serão reeditadas. Alguns exemplares já estão à venda na internet. A previsão era de que a coleção estivesse completa até o fim do primeiro semestre de 2014. Além das reedições, uma edição foi feita especialmente para o projeto: a edição Número Zero, que resgata os personagens clássicos de Henfil.

Em 2017 foi lançado um documentário dirigido pela cineasta Angela Zoé, sobre a vida, a arte, a interpretação do artista nos dias de hoje, por artistas mais jovens.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Níquel Náusea - Folha de São Paulo - 1985


Com um simples trocadilho a respeito do camundongo criado por Walt Disney, Fernando Gonsales concebeu uma das mais duradouras séries de tiras brasileiras: Níquel Náusea.

Com um rato, Níquel, sua companheira inseparável, a barata Flit e toda uma lista de personagens engraçadíssimos, Fernando povoou as páginas de vários jornais de todo o Brasil.

Vejamos o texto de apresentação publicado pela Folha de São Paulo em 1985:

"Níquel Náusea é o rato de Fernando Gonsales. Ele vive onde vivem os ratos: nos esgotos e subterrâneos da cidade grande. Como diz Fernando, "é um ser em busca de sobrevivência". 

Metáfora do lado sombrio da metrópole, a tira de Fernando é forte, sarcástica, às vezes agressiva. O personagem existe há um ano, mas estava abandonado. Com o anúncio do concurso promovido pela Folha, ele voltou à vida. Ou aos esgotos. "Eu tinha vontade de fazer uma tira com um animal e o rato surgiu desta vontade", diz Fernando, que já publica diariamente a tira Benedito Cujo, no Fovest.
A ligação com os animais não é esporádica. Fernando é formado em veterinária — profissão que chegou a exercer, mas desistiu. "Desejo me profissionalizar na área de desenho", explica. Mas a distância da veterinária não o afastou dos bichos: "Os animais estão em plena igualdade com os homens, que, não se deve esquecer, também são animais", diz".

Prestes a completar 30 anos de publicação ininterrupta, a tira já teve revista própria pelas editoras VHD Diffusion, Circo/Sampa e Palhaço. Já foi publicada em dezenas de jornais, distribuída pela agência Pacatatu e atualmente segue sendo publicadas em álbuns coloridos pela editora Devir, sem mostrar sinais de cansaço.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Dentinho, o terrível - Folha de São Paulo - 1974


Dentinho, o terrível, é um personagem criado por Fausto Bergocce e Sílvio Monteiro para o suplemento Quadrinhos, da Folha de São Paulo, em 1974.

O cartunista Fausto nos fala sobre a parceria: "Quanto ao Silvio Monteiro, ele é jornalista, natural do Rio de Janeiro. Tive a honra de trabalhar com o Silvio, no jornal Metrô-News em 1974... foi nessa época em que surgiu nosso personagem o Dentinho, que acabou sendo publicado no suplemento Quadrinhos, da Folha de S. Paulo. O Silvio era é um cara muito simpático e engraçado: ele bolava as idéias e eu desenhava. O personagem Dentinho (além do suplemento Quadrinhos), foi publicado por algum tempo no jornal Metrô-News

Já faz muitos anos que não vejo o Silvio, mas, creio que ele está por aí trabalhando como jornalista (competente que é), em algum lugar. Ele deve estar beirando os 68 mais ou menos".

terça-feira, 7 de abril de 2015

Os Cruzadinhos - Comix Magazine - 2000


Sobre a história, Arthur Garcia, um dos autores, nos dá o seguinte depoimento: 

"Os Cruzadinhos surgiram como uma proposta de álbum na linha Astérix, que se passava durante a Terceira Cruzada, com um cruzado português como protagonista. 

O roteirista Julio Emílio Braz me convidou para o trabalho por eu estar residindo naquela época, 1988, em Lisboa

Após a aprovação das páginas iniciais, demorei 2 anos para desenhar o álbum, pois na época tinha um emprego fixo como designer gráfico em Portugal.

Retornando ao Brasil a série só foi vendida para publicação em formato de tira dupla (meia página), em um jornal belga, Gazette Van Machellen, em 1992. 

Como Julio se desligou da agência que nos representava, acabei acumulando o encargo de roteirista no segundo álbum que encerrava a aventura. Logo em seguida o Piet De Lombaerde, dono da agencia belga de representação COMMU, pediu que um cruzado belga passasse a ser o protagonista e nascia assim a série Jeroen en Klaas que duraria 3 aventuras.”

Alguns capítulos da série foram publicados na revista Comix Book Shop Magazine no ano 2000. Existem ainda em catálogo 2 álbuns lançados para o mercado europeu em língua flamenga.