Henfil (Henrique de Souza Filho, 1944-1988) criou o cangaceiro Zeferino para a revista Placar, da editora Abril, em 1970, como uma espécie de representante do Brasil na Copa do Mundo do México.
A partir de 1972 passa a ser publicado no Jornal do Brasil, já em companhia da Graúna e do bode Francisco Orellana.
A série assumiu um tom de crítica política e de luta pelos direitos civis, trilhando uma longa e vitoriosa carreira, que incluiu peça de teatro e revista em quadrinhos (Fradim) pela editora Codecri e publicação em outros órgãos da imprensa, como o jornal O Estado de São Paulo, já no final da vida do cartunista.
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Sobre Henfil, na Wikipedia:
Henrique
de Souza Filho, mais conhecido como Henfil (Ribeirão das Neves, 5 de
fevereiro de 1944 — Rio de Janeiro, 4 de janeiro de 1988), foi um
cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro.
Como
outros dois de seus irmãos — o sociólogo Betinho e o músico Chico Mário
— herdou de seus pais a hemofilia, distúrbio que impede a coagulação do
sangue, fazendo com que a pessoa seja mais suscetível a hemorragias.
Henfil
cresceu em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte,
onde fez os primeiros estudos, frequentou um curso supletivo noturno e
um curso superior em sociologia na Faculdade de Ciências Econômicas da
UFMG, que abandonou após alguns meses. Foi embalador de queijos,
contínuo em uma agência de publicidade e jornalista, até
especializar-se, no início da década de 1960, em ilustração e produção
de histórias em quadrinhos.
A
estreia de Henfil como ilustrador deu-se em 1964, quando, a convite do
editor e escritor Roberto Dummond, começou a trabalhar na revista
Alterosa, de Belo Horizonte, onde criou "Os Franguinhos". Em 1965 passou
a colaborar com o jornal Diário de Minas, produzindo caricaturas
políticas. Em 1967, criou charges esportivas para o Jornal dos Sports,
do Rio de Janeiro. Também teve seu trabalho publicado nas revistas
Realidade, Visão, Placar e O Cruzeiro. A partir de 1969, passou a
colaborar com o Jornal do Brasil e com O Pasquim.
Nessas
publicações, seus personagens atingiram um grande nível de
popularidade. Já envolvido com a política do país, Henfil criou em 1970 a
revista Fradim, que tinha como marca registrada o desenho humorístico,
crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros.
Com
o advento do AI-5 — garantindo a censura dos meios de comunicação, e os
órgãos de repressão prendendo e torturando os "subversivos" —, Henfil,
em 1972, lançou a revista Fradim pela editora Codecri, que tornou seus
personagens conhecidos. Além dos fradinhos Cumprido e Baixim, a revista
reuniu a Graúna, o Bode Orelana, o nordestino Zeferino e, mais tarde,
Ubaldo, o paranoico.
Henfil
envolveu-se também com cinema, teatro, televisão (trabalhou na Rede
Globo, como redator do extinto programa TV Mulher) e literatura, mas
ficou marcado mesmo por sua atuação nos movimentos sociais e políticos
brasileiros.
Ele
tentou seguir carreira nos Estados Unidos, onde passou dois anos em um
tratamento de saúde. Como não teve lugar nos tradicionais jornais
estadunidenses, sendo renegado a publicações underground, Henfil
escreveu seu livro "Diário de um Cucaracha". De volta ao Brasil. ele
também fez participação da revista Isto É onde escrevia uma coluna
chamada Cartas da Mãe.
Após
uma transfusão de sangue, acabou contraindo o vírus da AIDS. Ele
faleceu vítima das complicações da doença no auge de sua carreira, com
seu trabalho aparecendo nas principais revistas brasileiras.
Henfil
passou toda sua vida a defender o fim do regime ditatorial pelo qual o
Brasil passava. Em 1972, quando Elis Regina fez uma apresentação para o
exército brasileiro, Henfil publicou em O Pasquim uma charge enterrando a
cantora, apelidando-a de "regente" — junto a outras personalidades que,
na ótica dele, agradariam aos interesses do regime, como os cantores
Roberto Carlos e Wilson Simonal, o jogador Pelé e os atores Paulo
Gracindo, Tarcísio Meira e Marília Pêra. Anos mais tarde, o cartunista
disse que se arrependia apenas de ter enterrado Clarice Lispector e Elis
Regina.
Os
escritos de Henfil eram anotações rápidas. Não eram propriamente
crônicas, mas um misto de reflexões rápidas, assim como seus traços
ligeiros dos cartuns. Célebres eram suas "Cartas à mãe" — título comum
em que escrevia sobre tudo e todos, muitas vezes atirando como
metralhadora, usando um tom intimista do filho que realmente fala com a
mãe — ao tempo em que criticava o governo e cobrava posições das
personalidades.
Mesmo
seus livros são em verdade a reunião desses escritos, a um tempo
memorialistas e de outro falando sobre tudo, sobre a conjuntura política
e seu engajamento.
Em
Diário de um Cucaracha, por exemplo, Henfil narra sua passagem pelos
Estados Unidos, onde tentou "fazer a América, sonho de todo
latino-americano que se preza" (segundo ele próprio). A obra traz um
quadro em que o cartunista relata o choque cultural que experimentou, a
reação vigorosa do público norte-americano aos seus personagens,
classificados como agressivos e ofensivos. Tudo isso escrito em
capítulos pequenos, no tom intimista de quem dialoga não com um leitor
anônimo, mas com um amigo ou conhecido. No ano de 2009 seu único filho
criou o Instituto Henfil.
Uma
série de cartuns de Henfil que ficou bastante conhecida foi O Cemitério
dos Mortos-Vivos, em que "enterrava" personalidades públicas que, na
opinião do cartunista, eram favoráveis a ditadura. Além de empresários,
Henfil atacou pessoas como Roberto Carlos, Pelé e Tarcísio Meira.
Através
de uma parceria entre a ONG Henfil e o Instituto Henfil, as 31 revistas
Fradim, publicadas por Henfil entre os anos de 1971 e 1980, serão
reeditadas. Alguns exemplares já estão à venda na internet. A previsão
era de que a coleção estivesse completa até o fim do primeiro semestre
de 2014. Além das reedições, uma edição foi feita especialmente para o
projeto: a edição Número Zero, que resgata os personagens clássicos de
Henfil.
Em
2017 foi lançado um documentário dirigido pela cineasta Angela Zoé,
sobre a vida, a arte, a interpretação do artista nos dias de hoje, por
artistas mais jovens.