domingo, 23 de julho de 2017

Bastinho e Bastião - Folha da Manhã - 1937


Com o recrudescimento da censura imposta pelo governo de Getúlio Vargas, o cartunista Belmonte é obrigado a deixar de lado suas críticas políticas e passa a investir em novas temáticas, como a tira Bastinho e Bastião, publicada a partir de novembro de 1937 no jornal Folha da Manhã, em seu Suplemento de Domingo.

A série trata das aventuras de dois garotos em um ambiente meio rural e meio urbano, como era comum às cidades que passavam por rápido desenvolvimento no início do século XX.


Na Enciclopédia dos Quadrinhos, Goida e André Kleinert escrevem:

"BELMONTE - Brasil - (1896-1947)

Caricaturista, chargista político, ilustrador, historia­dor, escritor e jornalista, Benedito Carneiro Bastos Barreto foi um dos maiores nomes da comunicação visual brasileira nas décadas de 20, 30 e 40. 

Nasceu no dia 15 de maio e morreu em São Paulo no dia 19 de abril. Em 1912, já fazia caricaturas para a revista Rio Branco. Chegou a ingressar na Faculdade de Medicina, mas desistiu para seguir a vocação que o levava à imprensa. 

Adotando o pseudônimo de Belmonte, criou para os jornais Folha da Manhã e Folha da Tarde o personagem Juca Pato (1925). Baixinho, careca, usando óculos de aro de tartaruga e polainas, Juca representava o cidadão comum, tra­balhador, honesto, pagador de impostos, perplexo, irritado e às vezes apoplético contra os desmandos do custo da vida, da burocracia, da corrupção política e exploração do povo. Juca tomou-se um símbolo do homem comum que não se conformava com os que queriam espezinhá-lo. 

Durante o go­verno de Getúlio Vargas, principalmente depois da decretação do Estado Novo, Juca Pato teve muitas de suas charges censuradas. Belmonte, não poden­do criticar a realidade nacional, voltou-se contra o fascismo e o nazismo, o que também lhe valeu ameaças e tentativas de amordaçamento.

Como ilustrador dos livros de Monteiro Lobato, criou um universo que deliciava crianças e adultos, ajudando em muito aquele autor a se tornar um dos mais ven­didos no Brasil. Infelizmente, naquela época não pediram para Belmonte levar para os quadrinhos as histórias do Sítio do Picapau Amarelo. Aliás, ele trabalhava tanto nas suas especialidades, que não teve muito tempo para dedicar-se aos quadrinhos. Mesmo assim, colaborou para a edição infantil de 
A Gazeta, com a história Paulino e Albina (1935) - na verdade a dupla estreou em 1933. 


O curta-metragista Ivo Branco, que realizou um excelente documentário de doze minutos sobre Belmonte, passou quase cinco anos pesquisando os inúmeros trabalhos que ele deixou disperso pela imprensa nacional. Garante que um levantamento completo da obra de Belmonte certamente vai revelar tesouros não imaginados".


Paulino e (B)Albina em 1933 n'A Gazetinha.



4 comentários:

Dourado disse...

Caramba, não conhecia esses personagens do Belmonte!

Quanto ao Paulino e Albina estrearam em 14 de setembro de 1933 (e não 1935), no n. 1 de A Gazeta - Edição Infantil (que mais tarde se tornaria A Gazetinha), mas repare que por um erro o nome da personagem saiu Balbina, só foi corrigido no n. 2 de 1933

abraço

Luigi Rocco disse...

Beleza, Dourado, está acrescentada a informação correta! Abs

Dourado disse...

olha o link completo de A Gazetinha

http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=764507&pesq=

abraço

Luigi Rocco disse...

Valeu, Dourado. Obrigado!