sábado, 28 de abril de 2018

Coisas do Futebol - Folha de S. Paulo - 1964


A série Coisas do Futebol, com desenhos de Júlio Shimamoto foi publicada pela Folha de São Paulo entre 1964 e 1965 com distribuição de Maurício de Souza.

Geralmente saía às segundas-feiras junto com as notícias dos jogos ocorridos durante o fim de semana anterior. 

Apesar de ser pro­duzida no formato tira, eram publicadas várias sequências, quatro ou cinco em seguida, for­mando uma história completa, geralmente uma curiosidade futebolística. 

Os textos eram de Luis Hamasaki, Nestor, Terra e até do próprio Maurício

Desenhos de Herrero.

Alguns capí­tulos foram desenhados por Herrero (Carlos Edgard Herrero) que posteriormente viria a se tornar um dos grandes desenhistas Disney do Brasil e por Wilson Fernandes, já falecido, que na segunda metade dos anos 60 pela editora Taika, escreveu e desenhou, influenciado pela explosão dos super-heróis no Brasil, os três primeiros números do Escorpião, um novo herói brasileiro, e a edição única de Bola de Fogo (1967).

Desenhos de Wilson Fernandes.

sábado, 21 de abril de 2018

Carlos Edgard HERRERO - Entrevista

Herrero é bastante conhecido por seu trabalho na linha de quadrinhos Disney a partir do final da década de 1960, mas, antes mesmo disso, o artista já consolidava uma sólida carreira no campo das histórias em quadrinhos e da ilustração. 

É sobre esse período que falamos na entrevista a seguir, realizada em abril de 2018:

Luigi Rocco: Em primeiro lugar, seu nome completo quando e onde você nasceu? De onde se origina sua família?

Herrero: Carlos Edgard Herrero, 2 de Agosto de 1944. Minha família, por parte de pai, são espanhóis, Aragoneses (avó) e Ávila (avô). Por parte de mãe são portugueses madeirenses.

LR: Em que escolas fez seus estudos?

Herrero: Belas Artes de São Paulo.

LR: Como começou a se interessar por desenho?

Herrero: Os primeiros passos foram com minha mãe, que desenhava muito bem, e pela montanha de gibis de faroeste, terror, aventura enfim, tudo que era quadrinhos.

LR: Que quadrinhos você lia quando criança?

Herrero: Tudo que via nas bancas, Rocky Lane, Don Chicote, Cisco Kid, Apache Kid, Roy Rogers, Terror, aventura, clássicos da Edição Maravilhosa, Príncipe Valente e outros.

LR: Qual foi sua primeira publicação ou trabalho profissional?

Herrero: Maurício de Sousa, grande cara!

LR: A imagem abaixo é de uma série distribuída por Maurício de Sousa a partir de 1964 para o Diário de S. Paulo, chamada Polícia Fantasma. Alguns episódios levam a sua assinatura e de Paulo Hamasaki. Como era o processo de realização dessa tira. Quem fazia o quê na série? Você pode falar alguma coisa sobre o Paulo Hamasaki?


Herrero: O Paulo Hamasaki, grande amigo, desenhista e roteirista muito competente no que fazia criou a série e me escolheu para ilustrar.

LR: A imagem a seguir é da tira Vizunga, desenhada por Flávio Colin, essa tem sua assinatura (1965). Você devia ter por volta de 20 anos, correto? Como se deu sua participação nessa série? Quem é o Veloso que assina junto com você?


Herrero: O criador do Vizunga, Flávio Colin, adoeceu e me indicou para continuar a série e Benedito Veloso, que trabalhava na Abril, escrevia o roteiro.

LR: Como era a sua ligação com os estúdios de Maurício? Você era contratado ou colaborador? Como começou essa colaboração?

Herrero: Contratado com carteira assinada e tudo.

LR: A imagem abaixo é um desenho seu também de 1965. Você pode falar algo sobre ele*?


Herrero: Não lembro mesmo. Acho que era um cartum relacionado com a chegada do homem à Lua.

LR: As imagens seguintes são desenhos seus para a MSP, passatempo do Diário Popular e uma capa para a Folhinha de S. Paulo, ambas de 1966. Poderia falar sobre esses trabalhos?


Herrero: O Maurício me considerava um artista polivalente e me escalava com frequência.

LR: Você lembra de outras pessoas que colaboravam com os estúdios de Maurício nesse período? Você lembra de um desenhista (talvez um espanhol) chamado Álvarez, que andava pela MSP nessa época?

Herrero: Eram tantos atrás de uma chance que não lembro mesmo.

LR: Você trabalhou em algumas das séries de tiras de Maurício?

Herrero: Páginas sim, tiras para jornal ou tabloides não.

LR. A próxima imagem é de uma história sua para a revista O Loco, da editora Taika, de 1968. Você pode falar um pouco sobre ela? Como era o seu relacionamento com o editor e principal colaborador da revista, Clive Pop?


Herrero: Para a Taika fiz muito pouco, acho que foram uma ou duas páginas no estilo Mad e só.

LR: Em depoimento, Waldir Igayara disse que foi ele que levou você para a editora Abril em 1966. Isso procede? O que você estava fazendo antes de ingressar na Abril?

Herrero: Procede! O Iga me convenceu a ir para Abril. Antes da Abril, trabalhava com o Maurício de Sousa.

LR: Igayara também disse que quando era criado um novo grupo de personagens, tipo a turma do Biquinho, ele produzia um roteiro com todos os personagens e que eles aparecessem vários juntos em um mesmo quadrinho e, devido ao seu enorme talento, ele dava para você desenhar. Depois essa história iria servir de model sheet para os outros artistas da casa. Isso procede?

Herrero: Procede! O Iga e o Jorge Kato gostavam muito do meu trabalho e do meu estilo, mesmo sendo Disney, tinha um estilo próprio segundo eles!

LR: Em 1974 você desenhou o personagem Vavavum para a revista Crás, da editora Abril. A primeira história teve a participação de Nico Rosso, mas na segunda você assumiu o personagem sozinho. Por que se deu isso? Fale um pouco sobre a série.

O Vavavum de Nico Rosso e Herrero e o Vavavum solo de Herrero. Roteiros de Ivan Saindenberg.

Herrero: Acharam o estilo do Nico Rosso muito pesado para o tema!

LR: Para a mesma revista Crás você produziu O Lobisomem, que se passava, aparentemente, na idade média. Você pode falar sobre ele? Como era a pesquisa de trajes e tipos?

O Lobisomem. Roteiros de Júlio Andrade Filho.

Herrero: O Lobi é um monstro frustrado; sofre de asma, desafina quando uíva, tem medo do escuro e de atacar as pessoas. Pesquisa de trajes e tipos, como você disse, eram baseados no estilo medieval.

LR: Quando e por que se deu a sua saída da editora Abril?

Herrero: Para montar uma pequena agência de propaganda e atender clientes de porte que já trabalhavam comigo, por sugestão deles.

LR: A imagem abaixo apresenta o crédito do Estúdio Herrero. Você pode falar sobre isso?


Herrero: Pois é, eu criei o personagem representativo na área de panificação e confeitaria para a Unilever chamado João Gradina e muitos outros. Criava conceitos, temas de campanha, folders e folhetos de lançamentos e pontos de vendas.

LR: Só pra finalizar, uma última pergunta. Que materiais você costuma usar em seus trabalhos?

Herrero: Papel Bristol, sulfite 95 gr (esboço), Schoeler Hamer 2R ou 4R, lápis de diversas qualidades, canetas tipo fine line Pin, Sakura, Staedtler de várias numerações, pincéis Talens, Kolinsky, tinta nanquim, Ecoline ou, na maioria da vezes traço, scaner e Photoshop salvos em jpg. 

Para muitos, pode ser excesso de frescura mas, pra quem desenha, a qualidade começa pelo material! 

Abraço, Herrero!

Herrero se mantém produtivo e atuante e tem um site onde apresenta seus trabalhos atuais e oferece seus serviços. Dessa página tiramos a seguinte biografia: 

"Estudou na Escola de Belas Artes e começou sua carreira como desenhista Disney no final dos anos 1960, produzindo histórias com o personagem Zé Carioca. Mais tarde ele passou a trabalhar com a família Pato (Donald, Tio Patinhas, sobrinhos, Margarida etc), Professor Pardal e muitos outros. Em 1972, ele criou em conjunto com o maior roteirista de quadrinhos brasileiro, Ivan Saidenberg, o personagem Morcego Vermelho e começou a ilustrar histórias deste alterego do Peninha.

Herrero é o desenhista brasileiro que mais contribuiu com histórias para os Estúdios Disney Americanos. Desde o início dos anos 70 ele desenhou mais de quatro mil páginas de quadrinhos Disney. Sua primeira história Disney foi “Ao Pé da Letra”, com o Pato Donald, em 1969. E continua publicando histórias inéditas até hoje, como “A Base Secreta” com o Zé Carioca publicada pela Abril em Agosto de 2015.


Nos anos 80, Herrero ingressou na área de projetos especiais a Editora Abril, realizando campanhas de marketing para importantes marcas como lançamento da boneca Barbie no Brasil, revitalização e estilização da Menina Claybom (Nhac).

A menina Nhac por Herrero (1982).

Em paralelo à sua carreira de quadrinhos, Herrero montou sua agência de criação, atendendo a clientes como Unilever, Sandoz, Gradina (linha profissional da Bunge Alimentos), Viação Cometa entre muitos outros. Sua atuação foi desde criações de material de ponto de venda, passando por design de embalagens, materiais de treinamento e até mesmo por campanhas promocionais dos Shoppings Iguatemi e Eldorado em São Paulo.

Além dos quadrinhos, Herrero trabalha como autor e ilustrador de histórias de suspense, terror, ficção científica e faroeste. Atuou com as maiores editoras do país e ilustrou inúmeros livros de vários gêneros, com destaque às obras de coautoria com Pedro Bandeira (coleção Meus Medinhos) e o “Jibobinha”, que foi reeditado na versão digital em 2017.



Ilustração para o livro Jibobinha - editora Moderna - 1994

Atualmente, Herrero conta com seu estúdio home office em São Paulo. Lá ele cria novos personagens e cartuns como “A Saga do Papai Noel do Herrero”, publicado exclusivamente no Instagram. Ele também se diverte com suas novas tirinhas e charges publicadas no Social Comics. Desenvolve e-books infantis, ilustra livros, cria materiais impressos e digitais diversos, pinta aquarelas decorativas, participa de eventos com a Editora Abril, desenha HQs inéditas, e está sempre pronto para o que vier pela frente".

Ilustrações para os livros A Onça e o Saci (editora Moderna - 1994) e Os Pichadores (editora Quinteto - 2001).


*Segundo Quim Thrussel, o boletim O Cobra (Órgão Interno da 1ª Convenção Brasileira de Ficção Científica) está classificado como um dos primeiros fanzines brasileiros e foi distribuído no evento, que aconteceu semanas antes do lançamento do fanzine Ficção de Edson Rontani.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Chopinho - A Gazeta - 1969


Chopinho é mais uma das criações do cartunista Luscar e foi publicado pelo jornal paulistano A Gazeta a partir de 1969 dentro da série Blá-Blá-Blá.

Chopinho é um típico hippie daquele período e faz parte da grande galeria de personagens etílicos das tiras brasileiras, mas num clima de total paz e amor!

Foi publicado também nas revistas Blá-Blá-Blá e Top Top, ambas da editora Taika, em 1970.


Luscar no Almanaque do Biotônico Fontoura - 1969.

Embora não conste na maioria de suas biografias, Luscar trabalhou nos estúdios de Maurício de Sousa na década de 1960. Sobre ele a Enciclopédia dos Quadrinhos (Goida / André Kleinert - L&PM - 2011) reporta: "Luscar - Brasil (1948) - Nascido em Salto (São Paulo), Luiz Carlos dos Santos começou a trabalhar num órgão de propaganda muito conhecido, o Almanaque do Biotônico Fontoura (1969). Colaborou depois como cartunista e às vezes quadrinista em Visão, Ficção em Quadrinhos e O Bicho. Também publicou em O Pasquim, Circo e Chiclete com Banana, em especial com a série "Dr. Baixada", que chegou a sair em miniálbum, Dr. Baixada & Cia (Circo, 1986). Luscar igualmente trabalhou em duas fases da Mad nacional (Vecchi e Record). Participou também do álbum coletivo O novo humor do Pasquim (Codecri, 1977)".


terça-feira, 10 de abril de 2018

Josué - A Gazeta - 1969


O típico profeta do apocalipse, Josué foi criado pelo cartunista Luscar para as páginas do jornal paulistano A Gazeta em 1969. Ele fazia parte da tira Blá-Blá-Blá e representava bem aqueles tempos difíceis e desesperançados.

Josué foi publicado também na revista masculina Blá-Blá-Blá da editora Taika em 1970.

Luscar no Almanaque do Biotônico Fontoura - 1969.

Segundo o site Guia dos Quadrinhos: "Luscar (1949-2022) - Paulista de Salto, Luiz Carlos dos Santos iniciou profissionalmente em 1969, no “Almanaque do Biotônico Fontoura”. Colaborou depois, como cartunista (e às vezes desenhista) em “Visão”, “Ficção em Quadrinhos” e “O Bicho”".

Luscar nos presenteou também com a tira Dr. Baixada.