terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Motogirl - Revista Motocross - 1983

Motogirl faz parte de uma série de aventuras com temas motociclísticos lançadas pela revista Motocross, da editora Pinus, em 1983, com patrocínio de uma concessionária Yamaha.


As histórias, criadas pela dupla Franco de Rosa e Jal, tinham aquela pegada provocativa e até erótica típica dos quadrinhos desse período, testando os limites da censura oficial, ou da suposta inexistência dela.

Motogirl era um boneco que não era um boneco, mas um ser humano, e que pilotava uma moto guiada por um manequim de loja que era, na verdade, um manequim de loja!

Sobre as histórias, Franco deu o seguinte depoimento: 

"Quando mudei de volta de Curitiba, em 1983. Eu estava sem trabalho. A Grafipar estava fechando. Ainda cheguei a realizar algumas coisas pra lá. Mais umas duas histórias no máximo. Isso porque o Seto se esforçou.

Aqui em São Paulo, procurei amigos, editoras. Fiz uma tour por redações, da Abril, DCI, Folha da Trade, Notícias Populares, Shopping News. Agências de propaganda. Fui seguindo dicas de amigos. Cheguei a fazer um trabalho bem bacana para a Sears ou Mesbla, via Editora Globo. Porque fui levar meu portfólio numa sexta-feira, ao Julio Andrade. Eles tinha um especialista naquele tipo de lay-out e manchas. Que me encomendaram de pronto, porque eu estava disponível, e o especialista deles ia viajar. Então eu comprei tintas ecoline, pinceis e papel importado, com dinheiro emprestado por minha mãe. Trabalhei o fim de semana todo, e recebi 15 dias depois. Foi providencial. Agradeço até hoje ao Julinho.

Eu havia iniciado um projeto com o Júlio, de FC. Uma história bastante original que ele criou, e eu seguia o estilo de Philipe Druillet. Ainda tenho alguns dos estudos dessa obra. Que, não foi continuada, porque era um projeto pra Abril. E eles descontinuaram tal projeto. Que reunia vários artistas brasileiros. Isso em 1979/80...

Bem. Então eu saia todos os dias em busca de frilas e emprego. O Jal, amigo desde o tempo do Avaré 2, em 1975, que já havia me indicado para trabalhar na Tupi, quando ele fazia os Trapalhões, e eu fui fazer os cartuns do programa Mural, da Ana Maria Braga. Também, ele fazia parte da nossa turma do Clube do Gibi. E parceiro da revista Klik, da Ebal, que eu havia coordenado, entre 79 e 80. Trabalhava como chargista do DCI.

Naquele período as motocicletas estavam em expansão no Brasil. Havia a revista Clube Honda. A Duas Rodas, que era periódica, e circulava em bancas já fazia um tempo. E surgiu então a Motocross, focando em trilhas e esse segmento. O Jal tinha um colega jornalista que trabalhava na Motocross. Então bolou pra ela uma série de HQs que eram publicadas com o patrocínio da Centauro Motocross. Que, acredito, ainda exista. Uma loja especializada.

Foram realizadas quatro histórias, se não me engano. Motogirl é uma delas. Há uma que é um rali. Outra que tem como protagonista um índio brasileiro. E outra com um centauro. Que, não foi concluída. Todas de apenas 2 páginas cada. Todas escritas pelo Jal. Em roteiros rascunhados, como é próprio de cartunistas.E ele é dos bons. Com traços em síntese gráfica, imediatamente reconhecível.

Motogirl é a mais divertida. Pois o seu final é realmente surpreendente. É genial. Gerou um personagem, que poderia ser continuado. Mas as circunstâncias, ou nosso desprendimento, focando muitas outras coisas, não fez isso acontecer.

Também cheguei a publicar na revistas Duas Rodas, duas tiras da série Motoca Kid. Criada e escrita por um amigo do tempo de colégio, o Mateus Bio. Éramos da mesma classe, e nos aproximamos ao realizar o jornal do escola. Para em seguida criar um fanzine só nosso, o Frama, em 1971. Foram realizadas 15 tiras de Motoca Kid, o Mateus tinha uma moto de 50 CC. Depois virou um grande profissional do setor motociclístico. Também recomendados pelo Jal, fomos parar na TV Cultura, em um programa de TV que mostrava trabalhos de artistas adolescentes. Até hoje guardo as caricaturas que o artista do programa fez. Minha e do Mateus. Depois o Motoca Kid foi publicado no jornal Notícias Populares em uma nova série, Picaretagens. Onde apareceram diferentes séries e personagens, como Fuscão Preto, os Bobalhões (paródia de Os Trapalhões) e outras experiências em humor gráfico. Até surrealistas.


Motoca Kid na tira Caras e caretas, Folha da Tarde (SP), 1987.

Também cheguei a escrever desenhar uma HQ de duas páginas, do Super-Honda, para a revista Clube Honda, em dupla com ilustrador e quadrinhista Jô Fevereiro. O pilar do grupo Octopus, que era composto pelos roteiristas Cassiano Roda e Ronaldo Antonelli, com Seabra, Jô, Vilachã e eu nos desenhos. Substituímos então meu parceiro de longa data, o Seabra, que ficou doente subitamente e impossibilitado de realizar a sua série periódica, para aquele publicação que era dirigida pelo Dinho, o baterista do grupo Os Mutantes.

Naquele período eu substituí também, por 25 dias, o Jal em uma de suas férias no DCI. Era comum isso, então. O Bira Dantas, substituiu o Novaes uma vez na Folha da Tarde. Isso nos dava cancha editorial. Também, voltei a trabalhar como funcionário do setor de publicidade do jornal semanal Shopping News, do grupo DCI, onde eu era empregado antes, de 1978 a 1980.

Ainda dentro do tema motociclismo. Introduzi o personagem Motoqueiro na minha série de tiras diárias Caras e Caretas, criada para o jornal Folha da Tarde. O personagem tem o nome de Mateus, por razão óbvia. E nunca tira o capacete. Assessório obrigatório então, mas que o Mateus não usava em nosso tempo de Motoca Kid, Praça Atrapalhado e Chucrutz. Séries que meu amigo chegou a colaborar com roteiros.

Tenho uma sinopse de uma HQ de ficção científica onde se usa motocicletas dentro de tubos. Mas nunca foi desenhada. Foi inspirada nos filmes Roller Ball, Tron e no visual de Forever People do Kirby. Mas até hoje está em sinopse. Talvez um dia vire parte uma série de contos ilustrados.

Eu nunca tive moto. Mas levei três tombos homéricos, como carona do Mateus. O primeiro na saída de nossa apresentação na TV Cultura, na Marginal Tietê, debaixo de chuva. Depois, descendo a Rua da Consolação, no meio do trânsito, porque bati o joelho na traseira de um Opala. E cai rolando entre os carros. E, graças a Deus, não fui atropelado. E, por último. Fui arremessado 2 metros no ar, ao sairmos da Biblioteca Mário de Andrade. Foram raladas suficientes pra não me atrever a querer pilotar esse veículo veloz, econômico e prático, mas que também é responsável por mais de 70% das lesões ortopédicas do pais.

Um detalhe justamente sobre quando fui receber o pagamento de Motogirl. Fui até a editora pois eles preferiam pagar em dinheiro. Então levei meu filho Daniel, que devia estar com uns 3 aninhos. Na volta comprei um carrinho pra ele. E ele adormeceu no metrô. Então eu fui guardar o carrinho em minha mochila. No momento em que fui fazer isso. Um senhora gorda caiu sobre mim, saindo apressada e descendo na estação seguinte, pedindo desculpas. Ela pungou minha carteira com o meu pagamento e o do Jal.

Tive que pagar o Jal só uns 15 dias depois... Eu desci do metrô, na estação, seguinte. Pois notei na hora. Avisei o segurança. Acionaram outra estações. Minha carteira, com documentos e tal, estava jogada no chão da estação. A mulher já era conhecida dos seguranças. Já havia sido presa antes. Foi a única vez que isso aconteceu comigo, apesar de sempre receber muitas vezes em dinheiro. Pois era hábito de muitos pagadores". 

Jal disse o seguinte: "Pois é, nem lembrava desse... Lembro de um personagem índio que tinha uma moto. Acho que esse da Motogirl nem participei. Como eu tinha conseguido o espaço acho que o Franco me colocou nos créditos. A HQ com o motoqueiro índio eu participei com o texto. Sei que fiz junto com o Franco uma ou duas historinhas, mas não era esse personagem. Depois o Franco continuou e criou esse personagem para a revista de moto. Acho que é isso. Ele deve lembrar melhor que eu".

OS AUTORES

Sobre o Jal, a Wikipedia tem as seguintes informações: "José Alberto Lovetro, mais conhecido como Jal, é cartunista, roteirista, jornalista e presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB).

Iniciou sua carreira na Folha de S.Paulo em 1973, trabalhando depois para os principais veículos de comunicação do país como o jornal O Estado de São Paulo, TV Cultura, TV Tupi, The Brazilians (EUA), Pasquim, Revista Sem Fronteiras (Holanda/Bélgica), DCI, TV Bandeirantes, TV Gazeta (SP), TV Manchete, Revista Semanário, Rádio Tupi, TV SENAC/SESC entre outros.

Ao lado de Gualberto Costa, Franco de Rosa e Worney Almeida de Souza, ajudou a fundar a Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo (AQC - ESP), responsável pelo Prêmio Angelo Agostini, posteriormente a dupla sairia da AQC e fundaria o Troféu HQ Mix uma das principais premiações brasileiras na área de quadrinhos. Em 1989, ganhou o Troféu Jayme Cortez, concedido no Prêmio Angelo Agostini a quem se destaca na atuação em prol do quadrinho brasileiro. No mesmo ano, também ganhou o Troféu HQ Mix de 'melhor editor'".

Sobre o Franco, a Enciclopédia das Quadrinhos (Goida / André Kleinerte - L&PM - 2011) nos trás: "ROSA, Franco de Brasil - (1956) - Roteirista, desenhista, pesquisador e editor, Franco de Rosa é um dos nomes mais ativos dos quadri­nhos brasileiros. Começou com as tiras diárias de "Capitão Caatinga" - ilustrações de Seabra - no Notícias Populares de São Paulo. A série passou das mil tiras. 

No final da década de 70, afastou-se de seu emprego de publicitário para dedicar-se por inteiro aos quadrinhos da Grafipar. Além de roteirizar e ilustrar algumas histórias, Franco participou de um grupo de criação que se chamava Octopus, formado também por Vilachã, Seabra e josmar. Também colaborou na Ebal na revista de humor Klik e na edição nacional de Zorro (não o Lone Ranger, mas o clássico, de capa e espada). Também colaborou nas revistas Inter Quadrinhos, Mephisto e Futebol e Raça. 

Editou vários álbuns e organizou volumes como A arte de Jayme Cortez (Press Ed., 1986), O comendador dos quadrinhos em o espírito da guerra - Eugenio Colonnese (Opera Graphica, 2001) e Fantasma aos domingos (Opera Graphica, 2006). Seu trabalho mais recente como roteirista foi para o álbum ilustrado por Rodolfo Zalla, Chico Xavier em quadrinhos (Ediouro, 2009). Pela Opera Graphica, em 2003, apresentou o álbum As taradinh­as dos quadrinhos, uma bela pesquisa sobre erotismo nas HQs".

Franco na revista Klik, editora Ebal.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Telinho - O Globo - 1988


Criada pelo cartunista Lor e vencedora do 1º Concurso Nacional de Histórias em Quadrinhos promovido pelo jornal O Globo em julho de 1988, Telinho foi uma série que fazia forte crítica à televisão e ao consumismo. Era protagonizada por um garoto sempre em frente a um aparelho de TV. 

Em seu blog, Lor declara ter realizado mais de 700 episódios da série durante a década de 1980.

Telinho foi distribuída pela Agência Funarte para jornais de todo o país.


Sobre o autor, a Enciclopédia dos Quadrinhos (Goida / André Kleinert - L&PM - 2011) informa: 

LOR - Brasil (1949) - Luiz Osvaldo Rodrigues nasceu em Jesuânia, Mi­nas Gerais. Dublê de médico, professor, cartunista e quadrinista, desde 1973 vem desenvolvendo grande atividade na imprensa brasileira. Começou no Jornal do Brasil. Em 1978, foi vencedor do IV Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Em 1979, trabalhou na criação da série de quadrinhos de resistência contra a ditadura Contra Ataque, deixando um importante registro da época da repressão política. Foi também colaborador de O Pasquim, De Fato e Humordaz, suplemento de humor do Estado de Minas (Belo Horizonte). A partir de 1988, criou uma tira diária publicada em vários jornais, Telinho. Essa começou como crítica bem-humorada a toda uma jovem geração "criada" pela babá eletrônica dos dias de hoje, a televisão, tomando depois outros caminhos, mas sempre ligados à realidade brasileira. 

Lor, nos últimos anos, foi premiado em diversos salões de humor nacionais - Piracicaba (três ve­zes), Curitiba, Rio de Janeiro, Teresina, Montes Claros, Porto Alegre - e internacionais (Japão). Atualmente, desenha para a revista da Associação Médica de Minas Gerais e para página Humor de Segunda, no jornal O Tempo. Apareceu no livro coletivo Cartunismo médico sem contra indicações (2008), organizado por Ronaldo Cunha Dias para a editora Revinter. 




segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O Boi - Jornal do Estado - 1991


O Boi foi o personagem de estreia do desenhista José Aguiar. Apesar de já ter sido publicado esporadicamente desde 1989, fez sua aparição oficial no Jornal do Estado (PR) em outubro de 1991. O Boi é um anti-herói que trabalha suas dúvidas existenciais sempre com muito bom humor. O Boi ainda teve uma sobrevida no mesmo Jornal do Estado por volta de 2000 como porteiro da série Pensão João.

Quando do lançamento, a redação noticiou: 

"MAIS UM QUADRINHO - José Aguiar Oliveira Silva é um rapaz comum e tem este nome comum, um metro e oitenta de altura e sessenta quilos. trata-se do que se chamaria um pau de virar tripa, de tão magro. Só 16 anos. Estuda desenho industrial no Cefet, usa um sobretudo preto nos dias de chuva. Tem uns óculos de intelectual meio fora de moda.

Gosta de vôlei. Não tem namorada. Não usa perfume. É filho do senhor José Oliveira da Silva. Um comerciante. A mãe, Terezinha de jesus, é dona de casa. O prato que ela faz, que ele gosta, é arroz com feijão.

É tudo muito simples. Só falta saber o motivo desta apresentação. O que é que este sujeito tem de especial? O que o torna diferente das outras pessoas? Ora, ele desenha o Gordo Boi. Um magro que desenha um boi é pelo menos original. A partir de hoje ele está nas páginas do Jornal do Estado. Ria com ele. No Espaço 2.

É chargista. Faz tirinhas. Histórias em quadrinhos. São poucas as pessoas que conseguem fazer isto. Ele tem um personagem muito simpático".


Sobre José Aguiar, em 1997, no Guia da Associação Paranaense de Ilustradores e Quadrinistas foi registrado: 

"José Aguiar começou a pro­duzir histórias em quadrinhos aos 11 anos, editando o jornal do Boi, com duas páginas e manuscrito. O personagem Boi, posteriormente, foi trans­formado em tiras que foram publicadas no suplemento Ga­zetinha, da Gazeta do Povo, e no Jornal do Estado. José foi membro fundador do Núcleo de Quadrinhos de Curitiba e, como tal, participou das expo­sições Necrópsia Sequencial, Heróis Curitibanos, Star Trek e Tudo o Que Você Queria Saber Sobre Quadrinhos Mas Sua Mamãe Relutava em Lhe Res­ponder. Participou dos fanzi­nes Mamãe Não Lia Gibi (com HQ) e Sequência (com textos e quadrinhos) e Mondicoisa (resultado de uma oficina mi­nistrada por ele durante o Erecon 96). Colaborou com a agenda Arte 1996/97. Atual­mente trabalha com publici­dade".

E na Enciclopédia dos Quadrinhos (Goida / André Kleinert - L&PM - 2011) está publicado: 

"AGUIAR, José Brasil - (1975) - O curitibano José Aguiar, formado pela Faculdade de Artes do Paraná, é ilustrador e quadrinista. Sua vida profissional começou aos 16 anos, publicando tiras em jornais de sua cidade. Suas principais séries são Folhateen, que explora o universo adolescente, e Pensão João. Ajudou também a criar Gralha, um super-herói inspirado nas peculiaridades do fol­clore de Curitiba, junto com um grupo de autores locais. Colaborou com as revistas Metal Pesado, Front, Canalha e Wizard Brasil. Em 2006, venceu o Primeiro Concurso Internacional de Quadrinhos do SENAC-SP. Como prêmio, ganhou a publicação de Folhateen pela editora Devir. Seu trabalho mais conhecido é Quadrinhofilia, da HQ Maniacs Edito­ra, uma reunião de treze histórias avulsas, com um estilo bem diferente cada uma. Marko Adjaric, na contracapa da obra, diz: "Falar de Aguiar é falar de extensões... Exatamente esta extensão de seu enge­nho e empenho que você tem nas mãos agora. Assim o artista ganha mais uma. A sua mente". 

A partir de um roteiro de André Diniz, Aguiar desenhou para a a Escala Educacional, na série "História do Brasil em Quadrinhos", uma excelente versão de A Guerra dos Canudos (2008). Participou igualmente do álbum coletivo MSP + 50 artistas (Panini, 2009), homenagem aos cinquenta anos de Maurício de Sousa nas HQs".

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

William e Montanaro - Revista Saque - 1985


Com a medalha de prata ganha pelo Brasil nas Olimpíadas de 1984, o voleibol subitamente ganha espaço em todo o território nacional, abrindo espaço para que a Cartaz Editorial lançasse a revista Saque, que começou com o subtítulo "a revista do vôlei" e depois passou para "a revista do esporte".

A Saque tinha até um espaço fixo reservado às histórias em quadrinhos. Com criação de Campos de Moraes, desenhos de Mozart Couto e cores de Tieko, a seção mostrava os principais esportistas dessa modalidade em aventuras fantasiosas, sempre tendo o vôlei como pano de fundo. Bernard, Montanaro e William eram algus dos atletas que participavam das histórias, além de Virgínia, a tiete de plantão.

Sobre Mozart Couto, a Enciclopédia dos Quadrinhos (Goida / André Kleinert; L&PM - 2011) nos trás:

COUTO, Mozart - Brasil (1958)

Mozart Cunha Couto, mineiro de Juiz de ­tomou-se um dos melhores desenhistas de quadrinhos dos últimos trinta anos. Desde sua primeira história, Presente de aniversário, publicada pela Grafipar, em 1979, Mozart mostrou em desenhos bonitos, limpos, quase clássicos, uma categoria que o tempo e a atividade quase permanente nos quadrinhos aperfeiçoaria de forma marcante. Na Grafipar - para a qual fez dezenas de histórias - sem entretanto, deixar de lado as exigências pessoais de capricho e qualidade - teve que sintetizar sua linha criativa para o sexo junto com ficção científica, terror, western e aventuras selvagens. Apesar dessas exigências comerciais, Couto logo estava partindo para outros caminhos. Para a D-Arte (Calafrio e Mestres do Terror) colaborou desde os primeiros números (inicio da década de 80) criando histórias de um horror gótico da melhor qualidade. Desenhou também 
séries onde heroísmo e magia em reinos fantásticos se realizavam muitas vezes bem melhor que o modelo tradicional (Conan). Dessa fase são O mago e o guerreiro e Hakan. 

Para a Cedibra desenhou, com a categoria de sempre, Futebol e Raça, que lamentavelmente ficou em três edições, uma das melhores séries esportivas já publicadas no país. 

Em 1986, com seu trabalho reconhecido no exterior, fez especialmente para a Bélgica O Viajante, só em 1989 publicado em álbum completo no Brasil. 

Obteve espaço na Abril, em especial na revista Aventura e Ficção, onde suas histórias em nada perderam para mestres como José Ortiz, Manfred Sommer, Adolfo Usero e outros. 

No final dos anos 1990, o talento de Mozart Couto consegue introduzi-lo no seleto mercado europeu, publicando álbuns e tiras na França, Bélgica e outros países. Isso ajudou a levá-lo às editoras norte-americanas (DC, Dark Horse e Marvel), mas sempre com os olhos voltados ao seu país.


Álbuns editados: Sexdroide (Nova Sampa, 1992); Crônicas da província (Via Lettera, 1999), com roteiro de Wander Antunes; O dilema de Gilvath (Floss Ed., 2000), com roteiro de Alvimar Anjos; Mozart Couto desenhando arte fantástica (Opera Graphica, 2001); Biocyberdrama (Opera Graphica, 2003), com roteiro de Edgar Franco; e Boa sorte de Solano Domingues (Desiderata, 2007), com roteiro d Wander Antunes. Álbuns coletivos: Brasilian Heavy Metal (Comix Book Shop, 1996) e MSP + 50 - Maurício de Sousa por mais 50 ar­tistas,2010). Mozart foi capista do álbum Cangaceiros, homens de couro (Cluq Ed., 2004), de Wilson Vieira e Eugênio Colonnese.